
Seja como for, ele, o Pi, ia ser levado ao veterinário e precisava ser dopado. Você e o Carlinhos deram um remédio a ele e eu fiquei observando tudo. De repente, você se estirou sobre o chão e dum modo inexplicável esticou uma das pernas e começou a rir - sabe lá porquê. Achei intrigante. Mais intrigante ainda foi a reação do Pi ao remédio: ele desmaiou prontamente e com sua cabecinha de pelúcia lá das alturas do seu longo pescoço foi parar exatamente sobre o pé da sua perna esticada, que lhe serviu como uma almofada para amortecer o impacto da queda. Daí quem riu fui eu: percebi que você sabia que ele ia desmaiar e, pra amaciar o impacto, esticou estrategicamente as pernas na direção já sabida em que ele ia cair, protegendo-o do impacto.
Ri. Presumi que você já havia lhe aplicado tantas vezes o remédio antes que tal experiência acabou possibilitando até que você adivinhasse como o Pi ia cair e, por força da experiência e do hábito, pode até brincar com a situação, estirando as pernas de um modo que viesse a protegê-lo da queda.
Fiquei pensando (durante o sonho): esta é a força do hábito. De tanto repetirmos uma experiência, acabamos inventando uma inovação para driblar a monotonia que nos impõe sua repetição. De tanto o Pi desmaiar, agora você já podia até adivinhar e calcular em que direção ele ia cair e, como um bailarino que participava de uma coreografia a princípio indecifrável, esticava sua perna de um modo que tal ato viesse a ser completado pela queda de um gato - pescoçudo e de pelúcia.
Foi um balé que vi. Um número musical, onde tudo estava invisivelmente orquestrado e calculado, sem que a princípio eu soubesse.
Agora, acordado e te escrevendo, me pergunto: é assim, a vida??
2 comentários:
Não. Não é.
E esse sonho estacionado nessas palavras que não termina nunca.....
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