
Penso em bater palmas, chamá-lo. Mas não o faço. É inútil, não adianta. Ele não atenderá. Ele não atende, nunca atende.Não haveria porque atender agora.
Procuro uma pedra, uma árvore, uma zona eqüidistante onde possa me aconchegar para observá-lo. Já estou horas neste lugar, dias – séculos. E não o vejo. Mas continuo esperando-o. Não desisto.
Me assombro com a falta de desistência.
É quando confirmo o quanto é imperativo que dele eu saiba.
Me reacomodo. Monto uma casa – só agora reconheço esta casa que monto como um posto de observação, de escuta. Monto uma casa. Lavo a louça. Crio galinhas, até. Aos poucos, vai se fazendo esta situação anômala: espero. Espero por ele, que eu não sei quem é. Observo-o. Observo-o pela ausência que deixa, pelas suas furtivas idas e vindas. Sobretudo, observo com estupor minha própria expectativa.
Estabelece-se uma circunvizinhança alienígena.
Tornamo-nos estranhos e familiares.
Nem bons, nem maus – vizinhos apenas.
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